Ela tem saudades.
Saudades de como a música tocava alto no seu fone de ouvido em plena madrugada.
Saudades de como seu pai, com carinho, lhe dava um beijo na testa.
Saudades de um tempo, de uma era.
Ela tem saudades.
Saudades da liberdade de viver entre a tela de uma TV e um violão.
Saudades de cantar, de soltar a voz da juventude aos quatro cantos com o coração.
Saudades de poder escutar atenta a profundidade de uma canção qualquer.
Ela tem saudades.
Sente falta daquela brisa da noite que batia na janela, enquanto ela olhava a lua.
A lua brilhava e banhava a escuridão do minúsculo quarto.
Saudades de quando a vida era se preparar para ela.
Ela tem saudades.
Saudades de navegar em sua própria solidão e permanecer olhando a si em um espelho imaginário.
Saudades de imaginar o futuro mas de não pensar no que pessoas quando crescem pensam.
Saudades do óbvio, do simples, da pureza das coisas.
Ela tem saudades.
O tempo não volta mas voa. Cada letra escrita, um segundo. Cada palavra, um suspiro.
A vida não para e os sonhos também não.
Quem sabe tudo isso seja um sonho ou um pesadelo.
Ela tem saudades. Mas é para frente que se anda.
Jaqueline Nunes